Como calcular o custo de importação passo a passo

Quando o assunto é custo de importação, a conversa quase sempre se resume a uma grande planilha cheia de siglas e cálculos – um desafio que conhecemos bem. Afinal, um pequeno erro de previsão pode transformar uma operação lucrativa em uma verdadeira dor de cabeça.

Por isso, organizamos este guia para simplificar o assunto e ajudar você a elaborar um mapa claro e preciso de todo o seu custo de importação, do início ao fim. Vamos detalhar cada etapa, começando pelo pilar de todo o processo: o cálculo do Valor Aduaneiro.

Como calcular o custo de importação passo a passo

Encontre o valor aduaneiro (CIF) da mercadoria importada

O primeiro passo para o cálculo de qualquer importação é a determinação do valor aduaneiro, pois ele serve como base sobre a qual a maioria dos tributos de importação incidirá.

Em termos simples, o valor aduaneiro corresponde à soma do valor da mercadoria, do frete internacional e do seguro. Geralmente, essa composição está associada ao Incoterm CIF (Cost, Insurance, and Freight), segundo o qual o vendedor assume esses custos até o porto de destino.

Além disso, é relevante entender que o valor aduaneiro, estabelecido pelo Acordo de Valoração Aduaneira (AVA-GATT), busca refletir o preço de transação — ou seja, o valor efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria. Consequentemente, outras despesas, além daquelas já mencionadas, também podem ser incluídas nessa base de cálculo, conforme previsto pela legislação.

Identifique as alíquotas dos impostos incidentes

Com o valor aduaneiro em mãos, é hora de olhar para a carga tributária. A legislação brasileira prevê a incidência de diversos tributos na importação, e suas alíquotas variam conforme a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) do produto. A correta classificação fiscal da mercadoria é, portanto, indispensável.

Os principais tributos que compõem o custo de importação são:

  • Imposto de Importação (II): tributo federal com função primariamente regulatória.
  • Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): incide sobre produtos industrializados, sejam eles nacionais ou importados.
  • PIS (Programa de Integração Social): contribuição social.
  • COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): outra contribuição social.
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): imposto estadual, com alíquotas e regras de cálculo que variam de um estado para outro.

Conhecer a NCM do seu produto é o que vai permitir consultar as alíquotas de cada um desses tributos. Depois de identificá-las, o passo seguinte é aplicar essas porcentagens sobre as bases de cálculo corretas para apurar o valor de cada um.

Apure cada um dos tributos

Agora vamos para a parte prática. A apuração correta dos tributos é um dos pilares para entender o real custo de importação. Cada tributo tem uma base de cálculo específica, e a ordem de apuração importa.

Veja como funciona:

  1. Imposto de Importação (II): é o mais simples. A alíquota do II incide diretamente sobre o Valor Aduaneiro (CIF).
    1. Fórmula: II = Valor Aduaneiro x Alíquota do II
  2. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): a base de cálculo do IPI é o Valor Aduaneiro somado ao valor do Imposto de Importação.
    1. Fórmula: IPI = (Valor Aduaneiro + II) x Alíquota do IPI
  3. PIS e COFINS-Importação: a base de cálculo dessas contribuições é o próprio Valor Aduaneiro.
    1. Fórmula: PIS = Valor Aduaneiro x Alíquota do PIS
    1. Fórmula: COFINS = Valor Aduaneiro x Alíquota da COFINS
  4. ICMS: Este é o mais complexo. Sua base de cálculo inclui o Valor Aduaneiro, o II, o IPI, o PIS, a COFINS e outras despesas aduaneiras, além do próprio ICMS “por dentro”. Cada estado tem suas particularidades, então é importante consultar a legislação local.

Após calcular cada tributo, você terá uma visão clara do peso fiscal da operação. No entanto, os gastos ainda não acabaram. É preciso considerar as taxas e serviços diretamente ligados ao processo de liberação da carga.

Inclua as demais taxas, contribuições e despesas aduaneiras

Além dos tributos, existem diversos custos operacionais que ocorrem desde a chegada da mercadoria no país até sua efetiva liberação.

Ignorá-los leva a uma estimativa incompleta.

As principais são:

  • AFRMM (Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante): sendo uma Contribuição Parafiscal que incide sobre o valor do frete marítimo, atualmente em 8%.
  • Taxa de Utilização do Siscomex: Custo fixo calculado por adição para o registro da declaração de importação.
  • Despesas aduaneiras: são as despesas efetivamente pagas à repartição alfandegária, até o desembaraço da mercadoria, tais como diferenças de peso, classificação fiscal, multas por infrações e outras semelhantes.

Esses custos são parte integrante do processo e precisam estar na apuração do custo de importação. Com elas somadas, o seu produto está liberado, mas ainda não chegou ao destino. A próxima etapa é levar em conta os gastos para movimentá-lo dentro do país.

Considere os custos logísticos internos

Após o desembaraço aduaneiro, inicia-se a etapa da logística nacional. Os custos aqui podem variar dependendo da distância entre o porto/aeroporto e o destino da sua empresa. Os principais pontos a considerar são:

  • Transporte rodoviário: o frete para levar a carga do terminal até seu armazém.
  • Seguro de transporte nacional: cobertura para a mercadoria durante o trajeto interno.
  • Custos de manuseio e descarga: se houver necessidade de equipamentos ou mão de obra especializada para descarregar a mercadoria no seu destino.
  • Estadias de contêiner (Demurrage): custo cobrado pelo armador caso o contêiner não seja devolvido vazio dentro do prazo acordado (free time). Um bom planejamento evita essa despesa, que pode ser altíssima.

Analisar esses fatores ajuda a ter uma visão completa dos gastos e a evitar surpresas. No entanto, além dos custos diretos e visíveis, existem aqueles que muitas vezes ficam ocultos no dia a dia da operação.

Faça o levantamento dos custos administrativos e operacionais

Muitas empresas esquecem de contabilizar os custos internos, que não aparecem na fatura do despachante ou do transportador, mas impactam diretamente o resultado. Ignorar esses pontos pode levar a uma visão distorcida do custo de importação final.

Pense em:

  • Armazenagem: Custo cobrado pelo terminal portuário ou aeroportuário para guardar a mercadoria enquanto ela aguarda a liberação. As tabelas de preços costumam ser progressivas
  • Taxas portuárias/aeroportuárias: são despesas relacionadas à movimentação, manuseio da carga e serviços do terminal alfandegado.
  • Honorários do Despachante Aduaneiro: Valor pago ao profissional ou empresa responsável por conduzir o processo de desembaraço junto à Receita Federal.
  • Custos bancários: taxas para o fechamento do contrato de câmbio.
  • Custos com envios e emissão de documentos: envio de documentos originais e custos de emissão no destino (Conhecimento de Carga, por exemplo)
  • Mão de obra interna: O tempo que sua equipe de Comex dedica ao planejamento, acompanhamento e execução da importação. Embora não seja um desembolso direto por operação, é um custo real para a empresa.
  • Licenças e certificados: alguns produtos exigem anuências de órgãos como ANVISA ou MAPA ou até mesmo certificações específicas e registro do produto junto à estes órgãos que geram custos adicionais.

Levantar esses valores, mesmo que por estimativa, torna sua análise muito mais precisa e profissional. Agora, com todos os componentes na mesa, é hora de juntar tudo e encontrar o valor final.

Efetue o cálculo do custo total da operação

Este é o momento de consolidar todas as informações que levantamos. A soma de todos os componentes nos dará o custo total para nacionalizar o produto, ou seja, o valor que ele efetivamente custou para a empresa ao chegar em seu estoque.

A fórmula consolidada seria:
Custo Total = (Valor Aduaneiro CIF) + (II + IPI + PIS + COFINS + ICMS) + (demais taxas, contribuições e despesas aduaneiras) + (Custos Logísticos Internos) + (Custos Administrativos e operacionais)

Ao dividir esse Custo Total pela quantidade de itens importados, você encontrará o custo unitário do seu produto. Esse é o número que deve ser usado como base para a formação do seu preço de venda, garantindo que todas as despesas foram cobertas e que sua margem de lucro será real. Com esse cálculo bem estruturado, o próximo passo é buscar formas de otimizar o processo e evitar imprevistos.

Dicas para evitar surpresas no processo

Um processo de importação bem-sucedido não se resume a cálculos precisos; ele depende de um bom planejamento para mitigar riscos e evitar gastos inesperados. Um planejamento cuidadoso é a melhor ferramenta para diminuir surpresas e manter o custo de importação sob controle.

Aqui vão algumas dicas práticas:

  1. Valide a NCM: antes mesmo de fechar a compra, tenha certeza da classificação fiscal do produto. Uma NCM errada pode alterar completamente a carga tributária e gerar multas;
  2. Provisão para variação cambial: o câmbio flutua. Trabalhe com uma margem de segurança na sua projeção de custos;
  3. Custos no destino: saiba antecipadamente os custos no destino, principalmente aqueles ligados ao seu agente de cargas e taxas cambiais (PTAX) consideradas;
  4.  Mantenha-se informado: greves, superlotação de recintos e possíveis atrasos podem ser difíceis de prever, mas determinadas informações podem contribuir com a sua tomada de decisão.

Adotar essas práticas transforma a reatividade em proatividade. Mas a melhor forma de otimizar processos e custos é contar com um parceiro que integre as diversas etapas da cadeia logística.

Reduza os custos da sua importação com a logística integrada da BWLog

Você viu que o processo de importação envolve muitas variáveis, desde o frete internacional até o transporte final. Gerenciar diferentes fornecedores para cada etapa (agente de cargas, despachante, transportadora) pode ser complexo, caro e abrir brechas para falhas de comunicação que resultam em atrasos e custos extras, como a cobrança de Demurrage. É aqui que a logística integrada se torna uma aliada.

Ao centralizar suas operações com um parceiro como a BWLog, que oferece soluções completas, você ganha visibilidade, eficiência e poder de negociação.

A sinergia entre as etapas otimiza prazos, simplifica a gestão e, o mais importante, se reflete diretamente em um resultado financeiro mais favorável para o seu negócio.

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